O endividamento das pequenas empresas brasileiras ainda está em patamares preocupantes, prejudicando o fluxo de caixa. Dados da Serasa Experian mostram que 6 milhões de empresas estavam inadimplentes em abril deste ano. Outras 200 mil estavam endividadas.
Esse dado soa ainda mais negativo quando lembramos que a maioria das empresas brasileiras tem perfil familiar — 90% dos empreendimentos nacionais são negócios familiares, segundo o IBGE.
Isso nos leva a concluir que parte do gigantesco endividamento das famílias brasileiras pode estar associado às dívidas das empresas que administram. Dados da Confederação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) cravam que 29,6% das famílias brasileiras atrasaram o pagamento de suas contas (levantamento feito em agosto).
Sendo assim, entender as dinâmicas de um bom fluxo de caixa para empresas se torna fundamental para a segurança financeira de negócios e de famílias.
Entendendo o que é fluxo de caixa
Antes de mais nada, é necessário compreender o significado do termo “fluxo de caixa”. O fluxo de caixa é um instrumento de planejamento financeiro empresarial. Seu objetivo é fazer com que o negócio sempre tenha capital de giro disponível.
O capital de giro é a quantia necessária para que a empresa faça pagamentos recorrentes, importantes para que a sua operação não seja paralisada.
Imaginemos a realidade de uma marcenaria de pequeno porte. Para conseguir atender encomendas dos novos clientes, o marceneiro precisará comprar matéria-prima, ter acesso a ferramentas, ao local de trabalho e à eletricidade.
Sem algum desses elementos, ele fica impedido de trabalhar e a sua empresa pode ter que cancelar pedidos, criando uma bola de neve financeira. É por isso que esses pagamentos precisam ser feitos de forma correta, evitando desgaste com os fornecedores.
Esse é um exemplo simples, porém baseado em cenários reais, sobre a importância do fluxo de caixa para micro e pequenas empresas.
Criando o fluxo de caixa para pequenas empresas
O primeiro passo para criar um fluxo de caixa é entender a realidade financeira da empresa. O empreendedor deve listar a previsão de receitas que terá para os próximos períodos.
Descobrindo esse valor, ele precisa conhecer os elementos que formam os custos-fixos da empresa, como o valor do aluguel, custo com matéria-prima, funcionários, pagamento de empréstimos, entre outros. Atenção: entra nesse cálculo o valor do seu pró-labore.
A dinâmica do pró-labore
As finanças do empreendedor e do seu negócio devem estar distantes. Isso porque a empresa tem despesas próprias. O fluxo de caixa para pequenas empresas exige que o empresário jamais recorra ao caixa do empreendimento para pagar despesas pessoais.
Ainda que seja o dono, esse indivíduo deve receber pelo seu trabalho apenas o seu pró-labore, uma espécie de salário gerado pela empresa para o pagamento das atividades profissionais do seu proprietário.
Lembrando que esse valor é pago apenas no caso dessa pessoa trabalhar na empresa. Quando são investidores e sócios, o valor pago será o retorno do investimento, caso a empresa tenha lucro. O percentual que cada investidor receberá deverá constar em contrato e no plano de negócios da empresa.
“Entender o quanto sobra em caixa após receber e descontar as despesas do ganho financeiro mensal permite ao empreendedor um embasamento maior para tomar decisões estratégicas importantes, como se há espaço para a realização de novos investimentos se será necessário aplicar um plano de corte de gastos”, esclarece Rodrigo Sátiro, diretor da Alero Consultoria.
Organizando as informações
O fluxo de caixa não pode ser definido em cima de achismos. O empreendedor precisa organizar as informações relacionadas aos custos, entradas e estoque de forma clara.
Desse jeito, ele conseguirá aperfeiçoar o seu setor de compras, comprando apenas o que é necessário e buscando fornecedores que ofereçam o melhor preço.
Organizando esses dados por períodos, como trimestres, a empresa ainda consegue prever mudanças causadas por alterações no consumo. Por exemplo: o último trimestre do ano pode ser de maior entrada de capital, pois houve aumento de vendas no período em anos anteriores.
Isso pode indicar que será preciso comprar mais matéria-prima para atender novos pedidos. Ao mesmo tempo, alguns meses podem se destacar pelo aumento de gastos ou vendas baixas.
Ao entender esses cenários, buscando uma previsibilidade, o negócio consegue adaptar seu fluxo de caixa, evitando o endividamento.
Planejando investimentos com cautela
Investir no próprio negócio é importante, mas esse investimento deve ser feito com responsabilidade, analisando dados internos, como a previsão de vendas, e dados mercadológicos.
“A gestão empresarial demanda total atenção e um alto índice de estudos, estudar o mercado, estudar o produto ou serviço ofertado, estudar o mercado financeiro e principalmente estudar ferramentas e técnicas importantes na gestão organizacional do seu negócio. O Fluxo de Caixa é um item importante que serve tanto para ajudar a reerguer um negócio já existente, quanto para a evolução de um novo empreendimento”, afirma Rodrigo.
Em alguns casos, os dados podem indicar que é preciso aguardar um pouco mais, ou negociar de forma mais decisiva com fornecedores, antes de investir na empresa.
Escolhendo as melhores linhas de crédito
Existem linhas de crédito empresariais voltadas a atender necessidades de fluxo de caixa. Essas linhas têm taxas de juros mais baixas e podem ajudar a sua empresa a se reorganizar financeiramente.
Opte sempre por elas e evite usar crédito pessoal, ou seus cartões de crédito, para pagar débitos da empresa. Além das taxas de juros serem mais altas, você corre o risco de se endividar duas vezes, uma como empreendedor e outra como pessoa física.
Agora que você entendeu melhor as dinâmicas do fluxo de caixa para pequenas empresas, organize-se para evitar dores de cabeça e garantir o sucesso da sua marca.
Quer destacar o seu produto no mercado? Então, saiba mais sobre Design Thinking!