Muito além do custo e da funcionalidade, a escolha de um móvel envolve outro importante fator: as cores. Afinal, quando combinadas esteticamente com a arquitetura das peças, elas atendem muito bem a missão de transmitir personalidade e estilo, embora demandem também uma atenção especial por parte do marceneiro.
Não são raras as dúvidas, portanto, relacionadas ao preparo do mobiliário na fase pré-pintura. Independentemente da técnica empregada - rolos de impressão, no caso das indústrias de móveis seriados, ou jatos de tinta/pistola manual ou robotizada, destinada aos móveis planejados ou de maior valor agregado -, seguir à risca algumas dicas pode facilitar bastante o trabalho.
Antes de receber a nova tonalidade, o móvel precisa ser previamente limpo e lixado para que a adesão da tinta seja melhor, a cobertura mais uniforme e o resultado final superior. Nesta hora, o lixamento é uma etapa essencial, mas que deve ser feita com cuidado. Isso porque não se deve lixar demais a madeira para não danificá-la, provocar irregularidades e eliminar suas fibras naturais.
Uma boa dica é usar uma lixa manual de grão médio ou até mesmo uma lixadeira elétrica para cuidar das laterais e da parte superior da peça, certificando-se de que a superfície será igualmente lixada para que nenhum local fique mais desgastado que o outro. A atenção deve ser redobrada se as pernas do móvel forem torneadas ou se a madeira for esculpida. Lixar incorretamente pode comprometer o design do móvel. Após lixar tudo, deve-se remover os resíduos com o auxílio de um pano macio, que não solte fiapos.
Fundamental na etapa que antecede a efetiva pintura do móvel, o primer ajuda a aumentar a adesão e a durabilidade da tinta na peça. Ao escolher a cor do primer, vale a pena optar por uma tonalidade mais clara do que a cor escolhida para a mobília. O branco ainda é o mais indicado para preparar o pano de fundo da pintura. Normalmente, só uma demão de primer já é suficiente, mas antes da aplicação da tinta, deve-se ter a certeza de que toda a superfície secou completamente.
Depois de cumprir as etapas anteriores de preparação, a pintura da peça deve começar. Os rolos de impressão apresentam bom custo/benefício, rapidez de aplicação, variedade de acabamentos (incluindo aqueles que simulam a madeira), porém tem baixa resistência. Superfícies maiores praticamente pedem o uso de rolos, uma vez que garantem maior rendimento. Eles podem ser separados em três tipos: rolo de espuma (mais eficaz para produzir efeitos de textura), rolo de lã (indicado especialmente para pinturas com tinta acrílica ou PVA) e rolo de espuma em poliéster 100% (usado para vernizes, tinta óleo e tinta esmalte).
Já o jato de tinta/pistola manual tem alto custo de aplicação, entretanto conta com variedade de cores sólidas, sem imitar madeira. Apesar do processo ser mais demorado, apresenta alta resistência superficial.
Cada um dos processos traz uma vantagem, a escolha vai depender do tipo e do perfil de produto ao qual é aplicado. Quando o critério é financeiro, para se ter ideia, a pintura com rolo possui custo menor, enquanto o jato e a pistola custam mais, porém ganham em durabilidade. Além disso, a complexidade da técnica pode valorizar o produto. “Processos delicados requerem cuidados e especialidades, porém os maiores custos agregam valor”, afirma Marco Tulio Ferreira, engenheiro da Abimad (Associação Brasileira das Indústrias de Móveis de Alta Decoração).