A certificação florestal na indústria moveleira depende de alguns fatores, os quais definirão o tipo de selo que será emitido.
Desse modo, o respectivo produtor poderá optar pela alternativa que mais se adequa à sua necessidade.
A sustentabilidade, por sua vez, depende de coeficientes ambientais, sociais e econômicos.
Certificação florestal e sustentabilidade
Conforme explica Eduardo Stehling, Biólogo e Consultor Florestal, “é a realização do Manejo Florestal Sustentável e do rastreamento da Cadeia de Custódia avaliados pela certificadora que atestarão se existe sustentabilidade no processo de produção”.
Já as principais certificações dependem dos seguintes quesitos:
- Tipo de produto florestal (madeireiro ou não madeireiro);
- Nível de processamento do produto (floresta em pé, serrado bruto, serrado seco, objetos de valor agregado);
- Certificadora responsável pelo selo e seus critérios próprios (DOF, FSC ou Cerflor);
- Nível de certificação escolhido.
Relevância para o setor
A certificação florestal é plenamente relevante para a indústria moveleira, a começar pelo assunto produção e quando ela provém do reflorestamento.
Segundo Eduardo, as grandes empresas de energia, painéis e celulose, por exemplo, são pouco numerosas e possuem uma grande produção, impactando diretamente os pilares da sustentabilidade – ambiental, social e econômico.
Devido a essa grande escala, elas apresentam uma maior parcela de responsabilidade e condições para arcar com os custos e critérios da certificação florestal.
Normalmente, produzem eucaliptos e pinus.
“Para essas empresas acessarem mercados internacionais, a certificação é fundamental, principalmente, para os mercados europeu e americano. Elas são as principais responsáveis por minimizar a pressão sobre grandes ecossistemas, como o bioma amazônico e o cerrado, produzindo madeira de forma responsável em áreas ociosas e, muitas vezes, até degradadas. Por vezes, atuam como agentes de recuperação ambiental”, define o biólogo.
Ele completa que a certificação florestal, além de fundamental para atender e acessar os grandes mercados (nacionais ou internacionais), mostra compromisso com a sociedade e o meio ambiente.
Expressividade dos produtos florestais
“O número mais expressivo de produtores está entre os que produzem até 30 ha de floresta em pequenas propriedades. Além do eucalipto e pinus, os pequenos produtores também produzem espécies de alto valor, como a teca (Tectona grandis), o mogno africano (Khaya grandifoliola e Khaya senegalensis), o cedro australiano (Toona ciliata), o mogno indiano (Melia azedarach), entre outras, cuja finalidade é o serrado bruto e seco, também chamado de madeira sólida.”
A propósito, o especialista explica que é essa madeira que concorre diretamente em termos de finalidade com o serrado bruto proveniente da Amazônia, possuindo um enorme potencial (porém subutilizado) de mitigar o corte ilegal, independentemente do bioma.
Isso, devido a sua similaridade com as espécies nativas. Apesar de numerosos, a produção dos pequenos e médios produtores é menos expressiva do que a das grandes empresas.
Mesmo assim, não deixam de representar uma parcela importante da produção nacional. Esses produtores estão difusos no território brasileiro, abastecendo serrarias, siderurgias, marcenarias, entre outras, e apoiando principalmente o comércio local e regional com produtos diferentes dos praticados pelas grandes empresas.
“Para esses produtores individualmente, a certificação tem um custo muito elevado, onerando o preço do produto e reduzindo a margem de lucro. O mercado regional tem baixo nível de exigência com relação a certificação, estando entre as causas o fato de já se tratar de madeira de reflorestamento. Mas, isso não torna a certificação inviável, desnecessária ou menos importante”, alerta Eduardo.
Vale destacar que, hoje em dia, existem as certificações de grupo com valores acessíveis a todos, permitindo que o pequeno e o médio produtor possam alcançar melhores preços de venda e comércio interestadual, além de contratos com empresas.
Certificação florestal e consumidor
Quando o assunto é certificação florestal, o consumidor também entra como protagonista.
Ele é o principal elo na cadeia da sustentabilidade, principalmente, quando escolhe por um produto de reflorestamento. Essa opção é a mais responsável, pois beneficia a preservação do meio ambiente e ecossistemas.
“Quando o consumidor opta por um produto com selo de certificação, adquire algo que passou pelo Manejo Florestal Sustentável e teve a sua cadeia de produção auditada. O segredo da sustentabilidade está em conscientizar o consumidor, independentemente dele ser o usuário final, marcenarias, empresas de beneficiamento, entre outros.”
Em suma, podemos dizer que optar por produtos certificados denota responsabilidade e respeito.
A certificação florestal mostra a consciência da indústria moveleira e apresenta seus investidores como agentes de mudança e que contribuem com a sociedade e a natureza.
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