A nova formação da família brasileira e o olhar mais apurado para a sustentabilidade têm desenhado novo contorno à criação de móveis. Compactos, multifuncionais e com certificações de origem, eles atendem a demandas cada vez mais destacadas em pesquisas nacionais. O Censo 2010, por exemplo, aponta que cada lar tem 3,3 moradores contra 3,8 na década de 2000, enquanto o número de pessoas que vivem sozinhas passou de 9,2% para 12,1% no mesmo período. Já uma pesquisa da Cebds (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável) em conjunto com a agência Havas mostra que 85% da população entende que o consumo exagerado pode impor riscos ao planeta e à sociedade.
Levando em consideração esses dois pontos, toda a cadeia moveleira é impactada, especialmente o trabalho do designer que precisa desvendar os desejos desse público em permanente transformação. “Estamos num período de móveis cada vez mais compactos e versáteis. Quando possível, fáceis de transportar e montar pelo próprio usuário”, destaca Marina Otte, professora do curso de Design de Móveis da Univali (Universidade do Vale do Itajaí). Outra característica das novas criações é a versatilidade de se adaptar a diversos estilos de decoração.
Estamos num período de móveis cada vez mais compactos e versáteis
Têm vantagem, assim, indústrias nacionais exportadoras, pois tiveram de se adaptar ao longo dos anos a essas características, segundo a professora. “Acredito que até mesmo a indústria ajudou no processo dessa tendência, mesmo em ambientes que não necessitavam de móveis compactos.”
Produção verde
Assunto dos mais debatidos hoje em dia, a sustentabilidade pode instigar a criatividade do designer devido ao seu modelo de produção diretamente envolvido com a escolha da matéria-prima, procedência, mão de obra, uso de equipamentos eficientes, otimização do uso da madeira e reaproveitamento.
Todas essas prerrogativas influenciam o desenho de um móvel e, consequentemente, tendem a impactar positivamente a indústria. “Existem certificações específicas que dão grande visibilidade para as empresas que as conquistam, como, por exemplo, o FSC, selo verde de maior credibilidade no mundo”, afirma Marina. Vale lembrar, apenas, que para se encaixar no conceito sustentável, é necessário absorver a filosofia do economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente adequado.